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sábado, 6 de janeiro de 2024

APOCALIPSE DE TODAS AS ESTAÇÕES

APOCALIPSE DE TODAS AS ESTAÇÕES

 

 

By: C. J. Jacinto

 

Querido amigo , escrevo minhas palavras em toque irônico. Sei que estás a percorrer os campos minados da arrogância humana, mas é urgente que esta carta chegue até os olhos do seu coração:

 

Alguém poderia falar sobre o inverno? Não! o inverno é aquela estação sem cores, as flores se escondem no frio das névoas e o mar congela-se como as lagrimas de um moribundo que se encontra intranquilamente com a morte da terra. O homem pavimenta todos os caminhos das catástrofes, financia a poluição que depois corrói os pulmões da vida, assim procede a humanidade em seus múltiplos processos de autodestruição. A seqüência da morbidez tênue que segue as ações de uma sociedade irresponsável, que provoca a alienação das almas pelos interesses pessoais. E como ocorre o conformismo técnico diante das mais sutis decadências do mundo? Jamais devemos esvaziar o futuro de  esperança pelo fato de tentar vivermos o egoísmo no tempo presente. Quase sempre as desgraças são produzidas sob o som fantasioso das fabulas compostas de insensatez, talvez como aquelas de que se nutre de um orgulho tolo e cego: o de pensar que não faz diferença em preservar o meio ambiente porque a  maioria a nossa volta não se preocupa com isso. O obstáculo intencional é posto para servir como desculpas de que “uma andorinha só não faz verão” acontece que em épocas de crises intelectuais verdadeiras, todo o homem que vive de forma responsável é visto como desorientado, pois que a maioria se acha segura por causa do grande numero, nesse caso, o indivíduo da oposição, parece ser um solitário único, um “perdido” na contramão do sistema, quase sempre as vias da sensatez são consideradas como uma alternativa para sonhadores utópicos.

Agora vejamos tudo isso, de uma forma mais geral, poderíamos falar de flores, da importância delas para a vida, pois o poeta não se inspira sem elas, e o amor não seria tão forte se as rosas não existissem. Que sentido de vida teriam as borboletas sem as flores do campo? E como a doçura do mel seria real se o mundo de tempo em tempo não se tornasse um jardim? Como poderíamos ouvir canções sem mencionar as flores? até o Atacama, no seu cáustico caminho se deixa florescer.

 

Mas ainda assim, a negligência é um terrível tentáculo da desonestidade humana, os poucos homens que defendem o planeta, são como profetas perseguidos e foragidos no meio de multidões de insensatos.

 

Pelas chaminés da poluição global vimos sinais de que um mundo está sendo reduzido a cinzas, ainda que almas mais puras estejam bradando contra a devastação total, é verdade que o exército de homens sensatos aumente, e na verdade pela diferença que se faz, alguns devem olhar para si mesmos, sem se importarem com a importância, de que se plantarmos uma árvore no caminho, haverá mais possibilidade de alguém lá no futuro, cansado de todas as nossas falhas, encontre na sombra dessa arvore, o abrigo necessário para encontrar as forças necessárias para continuar lutando por um planeta que precisa de cuidados, afinal de contas essa é a única morada que hoje temos disponível no universo.

O que poderia escrever mais? um poema?

Pois que ouso usar de minha pobre inspiração e escrever-te um:

 

A Queda

 

Cai à noite poluído das dores

Nos percalços de arvores caídas

As samambaias e as rosas machucadas

Entreabertas ao vento norte

Assobia o deserto e chama a morte

A vida que das nevoas adormece

No tapete do desespero que tece

A natureza que destruída

O homem vai caindo

No abismo que devora a própria vida.

 

Ou desejas que escreva algumas máximas sobre tão trágico assunto?

 

“O homem que destrói o mundo que habita, semeia a ruína da sua própria existência”

 

“O homem que perde a responsabilidade de cuidar da sombra que o protege, perde também o senso da tragédia, e, percebe a ruína de si mesmo, quando já o mundo a sua volta está irremediavelmente desmoronado.”

 

 

Com afetos e dedicação

 

 𝒫𝑒𝓇𝑒𝑔𝓇𝒾𝓃𝑜 𝒮𝑒𝓂 𝒞𝒶𝓂𝒾𝓃𝒽𝑜

 

 

 

 

quinta-feira, 26 de outubro de 2023

Santuário das estações

 


Não posso beber do cálice da doce graça

Se Cristo não tivesse sangrado amarguras.

As flores nascem nos campos

Os espinhos nos corações humanos

Deus nos acuda de nós mesmos

Pois até um beijo rasgou traição

Os que diziam "Hosana nas alturas"

Desceram as partes mais baixas da alma

E gritaram "crucifica-o, crucifica-o"

Sinfônicos tormentos flagelam a aurora

A morte da noite escura

O medo cadavérico confronta a expiação

O sangue na terra, a oblação 

Cordeiro de alma pura

Meu perdão, minha eterna segurança


C. J. Jacinto 



Considerações

 



Considerando que o mundo

É carente de luz

Acendi a minha vida

Como um meio de iluminar alguns


Considerando que corações

Sem portos e destinos

Vagueiam nas estradas da vida

Resolvi ser referência e indicação 


Considerando a falta de amor

Que deixa a sociedade tão enferma

Soprei a semente de minhas afeições

Para exercer perdão e caridade


Considerando os gritos confusos

De tanta gente sem harmonia interior

Resolvi cultivar o silêncio

Para que floresça a ideia profunda


Considerando os arroios de conflitos

As pelejas por palcos e holofotes

Resolvi seguir pelo brando anonimato 

Onde estrelas e flores me acompanham


Considerando o egoísmo pesado

Que do aço frio se faz tantos fardos

Resolvi desprender-me de mim

Para participar da miséria do outro


Tendo tantas outras considerações

Guardadas na alma de minha vida

Resolvi uma de cada vez revelar 

Para que erguidas em minha existência


Amigo, considere a si mesmo

Não sendo uma manobra alheia

Cave seu caráter na rocha do Mestre

Não na superficialidade da areia.


C J Jacinto 

Portas e Poentes

 


Portas e Poentes


O poente não é uma despedida

É a tarde desprendida

Uma ida 

Uma porta

O entardecer é uma partida

É uma porta aberta pra vida

Uma luminária percebida

A luz da estrela polar

O brilho das constelações

Esperança nos corações

A travessia do mar estelar

O amanhecer chegando

A estrela da manhã cintilando

O triunfo da gloria da luz

A vinda triunfante de Jesus


C. J. Jacinto 


A Busca

 A Busca





Os sarmentos podados choram

Em agonia de lamentos gotejam

Os ciprestes silenciosos ouvem

As batidas das chuvas de lágrimas


O vento canta entre as folhas

Em bálsamos das tantas ternuras

Até que nos bramidos ecoem

A sapiência de todas as doçuras


Com as asas dos serafins

Que em brasas me aquecem no frio

Eu imagino esse lugar solúvel

Os fluviais e refluxos de meus anseios


Quem dera-me sonhar augusto

No trepidar e o tremor da intensidade

Só assim náufrago a esmo

Eu busco  a minha felicidade


Que na dor do ímpeto que invade

Encontrarei no caminho, quem sabe

Essa tão plena realidade

Que Deus oferece em Cristo : a verdade 


C. J. Jacinto 


(A Luz Depois da Tempestade)

 


(A Luz Depois da Tempestade)


Busquei caminhos sem sentido

Placas que indicavam a perdição 

Vales floridos que escondiam abismos

Soniferas primaveras de ilusões 


Percalços e átrios sem fundos

Ruas paralelas do destino sem rumo

Íntimas semeaduras de lágrimas

A envergadura de todas as minhas dores 


Peso e fardo de meus temores

Meus pesares pulsando no medo

Nas entrelinhas de canções tristes

Em agonia pela dor que me agride


Oh Cordeiro santo e imaculado

Toma essas tempestades de mim

Essa voraz revolta que me atrofia

Faz cessar esses vis tormentos


Pois de Ti vem a bonança

Paz em quaisquer circunstâncias

Vem Cordeiro puro e celestial

Para me dar a luz do eterno fanal


C. J. Jacinto 



A Coroa e a cruz


 A Coroa e a Cruz

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A cruz ditou a morte

Espinhos pregos ásperos

Armados aos gritos

Campos e o monte caveira

A  cena de dores vergonhas

Pálidas e tristonhas

Carnes e peles feridas

Um judeu suspenso 

O madeiro que devora

As trevas pela tarde afora 

Jerusalém  trêmula tanto chora

A agonia triste do Salvador

Que o fel embebido disputa

Com as chagas 

Quem mais penetra no interior

Torturas que suspendem o ser

Brados de conflitos vorazes

Dos risos sonâmbulas vozes

Arrasta o rei dos judeus a morte

Das contrárias sortes

O fôlego rasgado ressoa

Do túmulo a foz que recua

A ressurreição com um clangor

A dourada coroa

Encerra a vitória outra vez

Ele se tornou o Rei dos reis

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C. J. Jacinto